Na manhã de quinta-feira, 26/6, a 20ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto reuniu especialistas do setor para debater a “Formação em Preservação Audiovisual no Brasil”. Realizado no Centro de Convenções, o encontro mostrou iniciativas de universidades e instituições culturais destacando a importância de formar profissionais capacitados para preservar o patrimônio audiovisual brasileiro. O debate reforçou a relevância de formar profissionais que combinem técnica, criatividade e compromisso com a memória cultural, além da necessidade de políticas públicas e parcerias para fortalecer a preservação. 

Uma das grandes notícias no encontro veio de Frederick Magalhães, do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Ele anunciou, durante a mesa, um projeto de bacharelado em Cinema e Audiovisual com ênfase em preservação, em fase avançada de planejamento. O curso aproveitará o rico patrimônio de Ouro Preto, cidade que já foi cenário de filmes como “Os Inconfidentes” (1972), de Joaquim Pedro de Andrade. 

O IFAC já atua na preservação fotográfica, com o Laboratório Arquivo de Fotografias (La Foto), e o novo curso integrará produção e preservação. “Estamos construindo um futuro onde memória e arte se entrelaçam, preservando narrativas visuais e sonoras”, afirmou Frederick. “A criação do curso visa também impulsionar novas pesquisas sobre o patrimônio audiovisual da cidade, com um olhar atento para recuperação e restauração de materiais históricos que ainda permanecem perdidos ou desconhecidos”.

A Ufop já conta com marcos históricos na área, como aquisição do Cine Vila Rica em 1986, a criação do Centro de Produção e Pesquisa Audiovisual, o CPPA, em 2006 e que atualmente é a TV UFOP, e a parceria com a Universo Produção na própria realização para da CineOP.

Cris Gonçalves, coordenadora da Escola de Audiovisual da Vila das Artes, em Fortaleza, detalhou a grade curricular da segunda turma, com edital previsto para 30 de junho de 2025. Dividido em cinco blocos, o curso abrange desde fundamentos teóricos, como arquivologia e museologia, até práticas técnicas, incluindo preservação de película, vídeo analógico e mídias digitais. 

O acervo da escola, com 277 filmes, serve como laboratório, onde os alunos desenvolvem um repositório digital utilizando a tecnologia de uma plataforma chamada Tainacan. “Estamos criando uma interface interativa que permitirá busca, acesso e até download de filmes, especialmente para cineclubes, com protocolos de autorização”, afirmou Cris.

A Vila das Artes também foca na prospecção do acervo, com metodologia desenvolvida pela professora Ines Aisengart, que inclui mapeamento de documentos e metadados para facilitar a gestão e o acesso online. O curso culmina em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que pode ser um artigo científico ou uma criação audiovisual a partir de materiais de arquivo. Essa abordagem híbrida, com módulos presenciais e remotos, reflete o compromisso com uma formação abrangente e acessível, conectada a parcerias como o Museu da Imagem e do Som, segundo Cris.

Rafael de Luna Freire, coordenador do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual (LUPA) da Universidade Federal Fluminense (UFF), destacou o pioneirismo da instituição, que desde 2000 oferece uma disciplina de preservação audiovisual, obrigatória desde 2005. O LUPA, criado em 2017, é um laboratório que integra ensino, pesquisa e extensão, com atividades práticas realizadas na própria universidade junto a professores e alunos. “Conseguimos trazer a prática para dentro da UFF, com digitalização de bitolas estreitas e revisão de filmes em moviolas Super 8, sem depender de deslocamentos a outros arquivos”, explicou Rafael.

O LUPA também oferece disciplinas optativas e bolsas de extensão, permitindo que alunos dediquem até dois anos à preservação durante a graduação em cinema. Rafael enfatizou a importância de planejar a formação com base na demanda do mercado: “Precisamos saber quantos profissionais o mercado absorve para evitar excesso ou escassez de especialistas.” Ele também defendeu a integração da preservação em outras áreas do cinema, incentivando que produções se utilizem de materiais de arquivo em suas linguagens.

Virginia Flores, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu, apresentou o Laboratório de Cinema e Audiovisual para Preservação da Imagem e do Som (LAB CAPS), criado em 2024. Inspirado pela Rede Universitária de Acervos Audiovisuais (RUA), o laboratório foca na catalogação de acervos natos digitais e fitas mini-DV, que registram movimentos sociais locais. “Estamos na luta para digitalizar esses materiais, mas ainda enfrentamos barreiras técnicas, como a falta de equipamentos compatíveis”, disse Virginia, destacando o potencial da tríplice fronteira para parcerias com instituições como o MIS do Paraná e a Itaipu Binacional.

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SERVIÇO

20ª CINEOP – MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO25 a 30 de junho de 2025 

Centro de Artes e Convenções da Ufop

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Cine- Museu da Inconfidência

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