A MEMÓRIA E O OLHAR PARA A HISTÓRIA NOS CURTAS DE FORMAÇÃO

Nas edições da CineOP, as tradicionais sessões da TV UFOP englobam curtas-metragens realizados dentro de universidades ou instituições de ensino superior com formação em cinema e audiovisual. Duas sessões abrangem 10 produções de diferentes estados do Brasil, que variam entre os gêneros documentário, experimental e ficção.

A primeira sessão começa com Na parede da memória, dirigido por Felipe Brum, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Orientado para o público jovem, a ficção trata de interdições, efemeridades e lembranças entre uma poeta e uma jovem estudante. Da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), o experimental paranaense Esse navio vai afundar, com direção de Luc da Silveira, desconstrói imagens de casamento, usando técnicas de filtros, borramentos e ruídos em imagens domésticas de matrimônios.   

O documentário Morte e vida, realizado por Camila Castelo, na PUC Minas, busca investigar os rastros de um passado marcado pelas políticas manicomiais mantidas pelo Hospital Psiquiátrico Colônia, na cidade mineira de Barbacena. Realizado na Academia Internacional de Cinema (AIC) de São Paulo, o documentário Minha câmera é minha flecha!, de Natália Tupi, recupera a trajetória de luta e resistência do jovem comunicador indígena Richard Wera Mirim, que é da etnia Guarani Mbya, da Terra Indígena Jaraguá. Dirigido por Jair Sanches Molina Jr dentro do Coletivo Audiovisual Júnior da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), Vidas juninas encerra a sessão, compondo um panorama dos festejos juninos em Mossoró, através do cotidiano de quatro moradores da cidade.

A segunda sessão inicia com Película, dirigido pela dupla Brenda Barbosa e Sofia Leão, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O curta experimental propõe de forma inventiva a elaboração de uma narrativa ficcional a partir de imagens garimpadas na Feira da Glória, do Rio de Janeiro. Realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o documentário Memória enterrada, dirigido por Amanda Santos, debruça-se sobre o trabalho de investigação feito por pesquisadores da universidade em torno de ossadas encontradas em uma vala clandestina.

Da PUC Minas, o ensaio Crônica de uma casa vazia, realizado por Luana Lopes, olha para imagens do passado de uma família para resgatar a memória das vivências em uma casa agora vazia. A ficção cearense Do lado de dentro, dirigido por Marina Hilbert, na Universidade de Fortaleza (Unifor), reelabora temporalidades e espaços em contexto de confinamento e solidão. A sessão encerra com a ficção Nosso tipo inesquecível, realizado por Victor Stoll, da Universidade de São Paulo (USP), que lança mão do artifício de vozes distorcidas em fitas cassetes para compor uma narrativa sobre morte, exílio e retorno ao lugar de origem. 

Camila Vieira
Curadora