Experimentos fílmicos realizados por crianças e jovens marcam Mostra Educação

O Encontro da Educação aborda o tema Plano Nacional de Cinema na Escola: Comunicação, Cultura e Educação, enfatizando experiências em que o cinema, o audiovisual e a educação incorporam diversas formas de interação numa relação inventiva com outras mídias e apresentando diversas formas de experimentação sonora e imagética. Nesse contexto, os filmes da Mostra Educação foram selecionados a partir de uma convocatória que recebeu 104 filmes inscritos. Esses trabalhos foram apresentados em resposta a uma proposição que demandava por filmes que apresentam experimentações com arquivos. 

Foram inscritos filmes realizados em torno dos arquivos em suas mais diversas dimensões: desde arquivos de família até arquivos de eventos sociais, políticos, arquivos escolares e não- escolares. Em alguns dos trabalhos, o próprio ato de filmar é aproximado do ato de criação de um arquivo. Nessa linha, relembramos aqui que o tema dos percursos pedagógicos trabalhados durante os Seminários da Rede Kino (previstos para ocorrer nos dias 6 e 7 de junho de 2024 em modalidade remota) foi Alquimia dos Arquivos. A proposição do tema dos arquivos visava, portanto, conectar-se com os percursos pedagógicos elaborados durante os seminários da Rede, ampliando-os para o encontro presencial da Mostra Educação. 

Não houve qualquer restrição quanto ao gênero cinematográfico ou modalidades de criação, com exceção para os filmes institucionais ou publicitários que foram desclassificados. Os filmes selecionados serão exibidos na 19a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, onde transcorre o XVI Fórum da Rede Kino em duas sessões comentadas, momentos nos quais as equipes de realização, em geral compostas por crianças e jovens, terão oportunidade de falar sobre a experiência do filme, debatendo com a plateia sobre os processos fílmicos adotados, suas experiências, potencialidades e limites.

Os filmes selecionados foram agrupados em duas sessões. A primeira sessão traz filmes realizados por crianças ou filmes feitos por educadores e cineastas que abordam a relação entre cinema e infâncias. O foco da sessão será o brincar analógico e também a possibilidade de brincar com a câmera ao se fazer um filme. O próprio ato de gravar ou de editar funcionam como momentos de criação de novas brincadeiras. Já a segunda sessão traz filmes realizados por jovens ou que abordam temas de interesse deles. Os relatos de si para a câmera, como se a câmera fosse um amigo, ou mesmo a possibilidade de deixar um testemunho de processos subjetivos de uma fase atravessada pela necessidade de se transformar, ganham a cena. 

Num momento em que se discute e se procura caracterizar o que seria um cinema voltado para as infâncias e para as juventudes, nada melhor do que assistir juntos a filmes realizados pelas próprias crianças e adolescentes, escutá-los em relação a seus trabalhos, para compreender as especificidades dessas produções e estabelecer uma relação mais próxima com eles. Outro aspecto importante a ser considerado ao assistir aos filmes é que as crianças e jovens não são apenas espectadores de filmes, mas também podem realizar sua própria expressão por meio do audiovisual, algo que os filmes da Mostra Educação evidenciam.

Adriana Fresquet
Clarisse Alvarenga
Curadoras