INVENTAR A MEMÓRIA

Em 2025, a Mostra Educação aborda o tema Lugares de memória: acervos e acessos, enfatizando experiências em que o audiovisual e a educação apontam para uma relação inventiva com a memória das escolas e suas comunidades, com os arquivos, acervos e as curadorias, apresentando diversas formas de experimentação sonora e imagética.

A convocatória, aberta ao público e divulgada amplamente pela plataforma da Universo, recebeu 115 filmes oriundos de diversas regiões do Brasil e da América Latina. Conforme o Edital, foram aceitas obras realizadas em contexto educacional, com a participação de estudantes, educadores e cineastas. Puderam participar filmes de quaisquer gênero cinematográfico ou modalidade de criação, com exceção dos filmes institucionais ou publicitários, que foram desclassificados. As obras deveriam ter até 03 minutos de duração, e os filmes estrangeiros deveriam obrigatoriamente ter legendas em Português.

Como de costume, os filmes foram agrupados em duas sessões, sendo uma delas voltada para as obras que abordam as relações do cinema com as infâncias, e a segunda voltada para as obras realizadas por/com jovens em diferentes contextos.   

Os filmes selecionados recriam visualmente a memória de experiências individuais e coletivas dos sujeitos da escola. Alguns abordam emoções e percepções pessoais que constituem a identidade e a narrativa própria de cada um. Outros revelam o desejo de construção da memória da instituição por meio da reinterpretação de documentos e da produção de relatos orais com o intuito de construir uma história viva, reconhecidamente dinâmica e marcada por questões do presente. Esses registros nos ajudam a lembrar que a escola não é somente uma organização historicamente estabelecida para difundir o conhecimento socialmente validado, mas o resultado do fazer cotidiano de diferentes agentes em suas intrincadas e variadas relações, em um processo continuamente cambiante de construção social.

Se, como sugere Chris Marker, “filmar é lembrar, mas também inventar a memória”, os curtas-metragens oferecidos nesta edição inventam memórias de territórios escolares e cotidianos entrelaçando os olhares singulares das crianças e jovens. Dar a ver esses cinemas é revelar experiências, medos e sonhos das infâncias e adolescências  latino-americanas.

Coordenação da Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual – Rede Kino

Sessão Infâncias

Sessão Juventudes

SESSÃO FREI BETTO

Frei Betto é referência na educação popular e na aplicação do pensamento de Paulo Freire em processos de formação política e social. Sua atuação como educador e militante inspira práticas transformadoras no Brasil e em outros países, como Cuba. O documentário A Cabeça Pensa Onde os Pés Pisam revela essa trajetória e reafirma o papel do cinema como ferramenta de memória, formação e consciência crítica, temas que se comunicam diretamente com a temática proposta no Encontro da Educação e na 20ª CineOP.

SESSÃO ROBERTO SMITH

Roberto Smith, membro do Instituto Cubano da Arte e Indústria Cinematográficos (ICAIC) desde 1979 é integrante da equipe diretiva e de programação do Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano. Destaca-se nas áreas de pesquisa social, promoção e distribuição cinematográfica. Convidado a ministrar a masterclass “Olhares para a América Latina: Acervos e Liberdade (Cuba)”, Smith escolheu o curta-metragem documental Pela Primeira Vez (1967), dirigido por Octavio Cortázar para ser exibido no contexto da masterclass, que acompanha uma das ações do ICAIC (Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos) voltadas à democratização do acesso ao cinema após a Revolução Cubana.

Será exibido ainda o longa-metragem Conduta (2014), de Ernesto Daranas, como parte das exibições presenciais da Mostra Educação; um filme profundamente humano que retrata as contradições sociais e educacionais da Cuba contemporânea a partir do olhar de uma criança.