Com a temática deste ano dedicada a uma perspectiva histórica da animação brasileira, a 19a Mostra de Cinema de Ouro Preto promoveu encontros importantes entre profissionais do setor já na abertura. Órfãos do Anima Mundi, maior festival de animação da América Latina interrompido na pandemia, criadores estão tendo a oportunidade de se reencontrarem e discutirem os rumos da área na cidade histórica mineira.
“A animação é uma indústria criativa e obra sempre essencialmente coletiva”, destacou Adriana Pinto, animadora e produtora que está em Ouro Preto. Atuando desde 1998, ela relembrou que sua trajetória se deveu muito ao interesse e curiosidade, já que trabalhar com animação no Brasil por muitos anos foi um caminho complicado de percorrer. O cenário mudou com a Lei da TV Paga, em 2011, que regulamentou canais de televisão a fomentarem produção brasileira em suas grades de programação, o que ampliou a necessidade de novas produções, inclusive de animação, e profissionalizou o setor. “A história da animação no Brasil, na verdade, é muito recente”, completou.
Para o cocurador da Temática Histórica deste ano, Fábio Yamaji, é até difícil detectar o começo da animação no Brasil, apesar do marco de “O Kaiser” como um pioneiro, em 1917. “A animatografia no país sempre foi muito diversa e tentamos representar isso de alguma forma na programação da mostra”, disse, durante roda de conversa realizada na sexta-feira, 21 de junho.
Os desafios são diversos, entre eles o entendimento de que o ritmo da uma produção animada é mais amplo do que com atores e atrizes ou documentários, especialmente pelas questões técnicas. “Você chega a um possível financiador e diz que um filme pode demorar até 10 anos para ficar pronto, então imagine como é isso”, exemplificou Adriana Pinto. De qualquer forma, a presença maciça de animações pelos diversos canais têm permitido a continuidade de conteúdos.