Programação audiovisual da Mostra de Cinema de Ouro Preto será gratuita, em espaços de exibição montados na Praça Tiradentes e no Centro de Convenções; sessões incluem filmes recentes e trabalhos do passado, em longas e curtas-metragens dialogando com os eixos de discussão do evento.
Na 19a edição da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, entre os dias 19 e 24 de junho, o único evento brasileiro a enfocar o cinema como patrimônio, preservação, história e educação ocupa a cidade histórica com uma vasta programação de filmes em longas, médias e curtas-metragens. O município, Patrimônio Mundial da Humanidade, sediará atividades gratuitas, sessões de cinema, homenagem, oficinas, workshops, masterclasses, lançamentos de livros, exposição e atrações artísticas.
Serão exibidos 153 filmes em pré-estreias e mostras temáticas – (15 longas, 1 média e 122 curtas-metragens), vindos de 7 países (Brasil, Angola, Argentina, Benin Colômbia, França e Portugal) e de 18 estados brasileiros (AC, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RS, SC, SP) distribuídos em oito mostras: Contemporânea, Homenagem, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha, Cine-Escola, Contemporânea TV UFOP e IC Play.
A grade ainda será acompanhada de debates, diálogos, rodas de conversa e atividades que dialogam direto com a experiência dos filmes. As exibições vão ser no Centro de Artes e Convenções e na Praça Tiradentes. Além de sessões presenciais, o evento vai romper fronteiras e terá sessões especiais na plataforma da mostra (cineop.com.br), no streaming do Itaú Cultural Play e na TV UFOP, ampliando as janelas de exibição para quem não puder estar em Ouro Preto.
MOSTRA HISTÓRICA
A temática deste ano é “Cinema de animação no Brasil: uma perspectiva histórica”, o que pautou a seleção de títulos feita pelos curadoras desta edição Cleber Eduardo e Fábio Yamaji. A ênfase é num estilo de produção que há mais de um século resiste e sobrevive num cenário de grande criatividade e conquistas artísticas. A homenagem ao cineasta Alê Abreu, cujo longa-metragem “O Menino e o Mundo” foi indicado ao Oscar 2016 de melhor animação, reflete os objetivos da curadoria neste recorte.
A sessão de abertura, na noite de 20/6, vai contar com a exibição de seis curtas-metragens animados que irão fazer um breve percurso histórico do estilo, permitindo ao espectador da CineOP trafegar pela proposta. Serão exibidos “Passo” (Alê Abreu, 2007), “Respeitável Público” (Irmãos Wagner, 1987), “A Saga da Asa Branca” (Lula Gonzaga, 1979), “Até a China” (Marão, 2015), “Novela” (Otto Guerra, 1992) e “Castelos de Vento” (Tania Anaya, 1999). No caso de Alê Abreu, a retrospectiva de sua obra vai ocupar outras sessões ao longo da mostra, incluindo seus três longas-metragens (“Garoto Cósmico”, 2007; “O Menino e o Mundo”, 2014; e “Perlimps”, 2023) e diversos curtas desde o começo de sua carreira, há três décadas.
“Queremos, de fato, promover um percurso histórico pelo cinema de animação brasileiro através de 8 sessões, sendo 3 de longas e 5 de curtas”, destaca Cleber Eduardo. “A animação vive um momento de efervescência e intensificação de produção no país, ao mesmo tempo em que se constata uma precarização do trabalho no setor especialmente com a alta demanda de canais de assinatura que precisam ocupar suas grades com material local. Isso também estará em discussão na mostra”.
Nessa proposta, a curadoria criou subcategorias, com exibições de filmes específicos a cada recorte: “Percurso histórico”, com o longa “Luz, Anima, Ação” (Eduardo Calvet, 2013), documentário que repassa a história dessa linguagem no país; “Homenagem”, com trabalhos do diretor Alê Abreu; “Anima docs”, com uma série de curtas-metragens documentais feitos em animação; “Repercussão internacional”, com curtas que tiveram ampla circulação fora do Brasil ao longo dos anos; “Animação de invenção”, com trabalhos de pegada mais experimental; e “Contemporânea”, com o mais recente longa de Marão, “Bizarros Peixes das Fossas Abissais” (2023).
MOSTRA CONTEMPORÂNEA
Os filmes da Mostra Contemporânea são assinadores pelos curadores Cleber Eduardo e Mariana Queen Nwabasili. Pela própria natureza de perfil da CineOP, trabalhos construídos a partir de pensamentos em torno de arquivos ou de reflexões sobre o passado chamam atenção na seleção anual. Tanto quanto a defesa do cinema como patrimônio, a mostra também compreende que desenvolver novas expressões sobre o passado é uma forma de pensar o presente e o futuro através do cinema.
Entre os selecionados em longa-metragem, estão dois títulos que retratam figuras essenciais do cinema brasileiro e fazem de seus imaginários e perfis verdadeiros mergulhos no passado audiovisual do país. São “Othelo, o Grande”, de Lucas H. Rossi dos Santos, que resgata a figura do ator mineiro Grande Otelo (1915-1993), primeiro intérprete negro do país a fazer enorme sucesso na televisão e no cinema; e “Peréio, Eu te Odeio”, de Allan Sieber e Tasso Dourado, que tratam do lendário Paulo César Peréio (1940-2024) a partir de relatos excêntricos sobre vários momentos de sua carreira.
Outro ator a aparecer nos longas da CineOP, porém através de uma verdadeira descoberta arqueológica, é o belo-horizontino Guará Rodrigues (1943-2006) em “Boom Shankar – O Filme Perdido do Guará”, com direção de Sergio Gag e que terá sua primeira exibição pública na CineOP. Trata-se de um híbrido de documentário e ficção a partir da revelação de um filme realizado por Guará em 1973 e que foi achado em material bruto gravado em rolos de 16mm. “Não se trata de um filme perdido, e sim de um material filmado perdido. São fragmentos de um corte provisório feito pelo Guará na Inglaterra e que ele não chegou a finalizar”, explica a curadora Mariana Queen. O longa a ser exibido em Ouro Preto resgata essa história se utilizando desse conteúdo nunca antes visto.
Completando a Mostra Contemporânea está “Agudás – Os Brasileiros do Benin”, no qual a diretora Aída Marques mergulha na história do país africano, antigo Reino de Daomé, de onde partiram milhares de negros cativos que seriam escravizados no Brasil. A diretora contou com a colaboração do roteirista Gustavo Pia e do antropólogo e fotógrafo Milton Guran na concepção do projeto, a cineasta filmou boa parte do trabalho no próprio Benin para reconstruir parte de uma história terrível de colonização violenta.
Nos curtas-metragens, segue também a presença de filmes numa relação forte com imagens do presente e do passado e que buscam dialogar tanto com o cinema quanto com a relação de suas construções audiovisuais com o mundo. São 14 títulos espalhados por três sessões, todas no Cine-Praça. “Existem alguns recortes pensados dentro da temática da animação, assim como vários curtas ligados ao universo da música, tanto como registros documentais quanto como pesquisas em arquivos e acervos de imagens públicas e de memórias”, aponta a curadora Camila Vieira, que fez a seleção junto a Rubens Fabrício Anzolin.
MOSTRA PRESERVAÇÃO
Parte da programação dos Encontros de Arquivos é a exibição de diversos trabalhos audiovisuais que, sob vários aspectos, dialogam ou se relacionam diretamente a algumas discussões em curso e que lidem com o cinema e outras manifestações de imagem e som no viés e importância do patrimônio. A curadoria de José Quental e Vivian Malusá trafega, então, também por exibições.
O resgate de longa-metragem deste ano é “Uma Vida para Dois”, filme de 1953 dirigido por Armando de Miranda, roteirizado por Sérgio Britto e produzido por Mário Civelli. No enredo, dois amigos conhecem uma garota e, apesar de uma relação harmônica construída por eles, logo entram em conflito por conta da moça.
Outro resgate importante a ser apresentado na Mostra Preservação é a exibição do primeiro capítulo da telenovela “Coração Alado”, exibida na Rede Globo em 1980 e escrita pela célebre dramaturga Janete Clair, falecida precocemente há 40 anos. A autora sofreu com a censura da época, por inserir na trama temas então polêmicos, como divórcio, prazer feminino, feminicídio, estupro, e a própria situação política no Brasil, que vivia sob o regime militar há mais de 15 anos. O trabalho de recuperação de imagem e som do episódio é parte do projeto Fragmentos, da Globoplay, voltado para a memória e a valorização do audiovisual brasileiro, que exibe parte de telenovelas dos anos 1970 e 1980, cujas tramas possuem de dois a 20 capítulos preservados. O projeto exige um complexo trabalho de pesquisa, recuperação de mídias, digitalização e restauração das imagens, que vê a teledramaturgia como fundamental contribuição para a história do país.
A Mostra Preservação se completa com a exibição de dois curtas-metragens brasileiros restaurados, “Chico da Silva” (Pedro Jorge de Castro, 1976) e “Pirenópolis – O Divino e as Máscaras” (Lyonel Lucini, 1969), e uma série de trabalhos vindos diretamente da Cineteca de Chile, em parceria com a CineOP.
MOSTRA EDUCAÇÃO
Os filmes da Mostra Educação, com curadoria de Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga, buscam dialogar este ano com o conceito proposto da importância e relevância pedagógica de uma vivência educacional fisicamente inclusiva, que se utiliza de aparatos tecnológico como apoio e suporte, não como finalidade. Muitos dos trabalhos a serem exibidos foram produzidos em ambiente de sala de aula ou de ensino.
Além dos vários curtas-metragens, a Mostra Educação de 2024 vai destacar o trabalho do cineasta colombiano Sebastian Wiedemann. Residente no Brasil e professor-pesquisador no Doutorado em Educação do Grupo de Pesquisa PDS – Pedagogia e Didática dos Saberes, da Escola de Educação e Pedagogia da Universidade Pontifícia Bolivariana, Wiedemann circula com seus projetos experimentais em galerias, museus e festivais nas Américas, Europa e Ásia. Seu filme “Obatala Film” ganhou o Prêmio do Júri no Curta 8 – Festival Internacional de Cinema Super 8 de Curitiba (2019), no SuperOff Film Festival (2019), na Mostra do Filme Livre (2020) e no Festival Forumdoc.BH (2020). A CineOP vai exibir cinco títulos de Sebastian Wiedemann: “Cintilações”, “Zugang”, “vidas-vestem-ruídos”, “Ondas” e “Azul Profundo”.
MOSTRA VALORES
A Mostra Valores é o espaço da programação da CineOP planejado para valorizar e destacar filmes, projetos, ações e personalidades de Ouro Preto que fazem a diferença na cena da cidade, em Minas Gerais e no Brasil. Este ano o filme escolhido é o documentário em curta-metragem “Guilherme Mansur – Obra em Desdobra”, de João Dumans. O filme resgata a história do poeta e tipógrafo ouro-pretano falecido em setembro de 2023. Mansur foi criado em meio aos trabalhos de tipografia dos pais em Ouro Preto e contava que “o som do dobrar dos ferros das velhas impressoras Minerva fundia-se com o som do dobrar e desdobrar do bronze de Jerônimo”, em referência ao sino da igreja do Pilar, na cidade mineira. Entusiasta da poesia e reconhecido por nomes como Haroldo de Campos, Mansur criou os projetos de difusão poética Poesia Livre e Chuva de Poesia e se notabilizou por espalhar poesias em sacos de pão, instalações e cartazes.
CINE-ESCOLA E MOSTRINHA
Espaço de confraternização e aprendizado entre estudantes, o Cine-Escola segue no objetivo de formação de novos públicos e olhares para a produção. Crianças e adolescentes, de cinco a 14 anos, poderão assistir a produções nacionais voltadas para sua faixa etária e participar de bate-papos após a exibição dos filmes. Ao todo, serão 7 sessões de cinema com 12 filmes brasileiros que apresentam temas universais e educativos para a formação de crianças e jovens. Já a Mostrinha inclui pais e familiares que estejam em Ouro Preto para poderem acompanhar a programação e terem uma sessão em família. Esse ano o filme será a animação mineira “Chef Jack”, de Guilherme Fiuza Zenha.
19ª CINEOP – MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO
O EVENTO DA PRESERVAÇÃO, HISTÓRIA E EDUCAÇÃO
Mostra audiovisual pioneira desde sua criação (2006) a enfocar o cinema como patrimônio em intercâmbio com o mundo e reafirma anualmente seu propósito de ser um empreendimento cultural de reflexão e luta pela salvaguarda do rico e vasto patrimônio audiovisual brasileiro. Estrutura sua programação em três temáticas: preservação, história e educação, presta homenagens, realiza exibição de filmes brasileiros e internacionais – longas, médias e curtas – oficinas, debates, seminário, mostrinha de cinema, sessões cine-escola, atrações artísticas e promove anualmente o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: Fórum Rede Kino.
SÍNTESE DA PROGRAMAÇÃO
Durante seis dias de evento, o público terá oportunidade de vivenciar um conteúdo inédito, descobrir novas tendências, assistir aos filmes, curtir atrações artísticas, trocar experiências com importantes nomes da cena cultural, do audiovisual, da preservação e da educação, participar do programa de formação e debates temáticos de forma gratuita.
- ABERTURA OFICIAL
- EXIBIÇÃO DE FILMES – LONGAS, MÉDIAS E CURTAS
- PRÉ-ESTREIAS E MOSTRAS TEMÁTICAS
- HOMENAGEM
- MOSTRINHA
- MOSTRA VALORES
- SESSÕES CINE-ESCOLA
- 19o ENCONTRO NACIONAL DE ARQUIVOS E ACERVOS AUDIOVISUAIS BRASILEIROS
- ENCONTRO DA EDUCAÇÃO: XVI FÓRUM DA REDE KINO
- DEBATES, DIÁLOGOS E RODAS DE CONVERSA
- OFICINAS
- MASTERCLASSES INTERNACIONAIS
- PERFORMANCE AUDIOVISUAL
- EXPOSIÇÃO
- LANÇAMENTO DE LIVROS
- CORTEJO DA ARTE
- SHOWS
Acompanhe o programa Cinema Sem Fronteiras 2024.
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SERVIÇO
19ª CINEOP – MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO
19 a 24 de junho de 2024 | Presencial e Online
WWW.CINEOP.COM.BR
LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA
Patrocínio Máster: INSTITUTO CULTURAL VALE
Patrocínio: ITAÚ, AYMORÉ, CEMIG/GOVERNO DE MINAS GERAIS
Parceria Cultural: PREFEITURA DE OURO PRETO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, SESC EM MINAS E INSTITUTO UNIVERSO CULTURAL
Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO
SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E TURISMO DE MINAS GERAIS/GOVERNO DE MINAS GERAIS
MINISTÉRIO DA CULTURA/GOVERNO FEDERAL/ UNIÃO E RECONSTRUÇÃO