A Itaú Cultural Play (IC Play), plataforma de streaming gratuita de cinema brasileiro, disponibiliza até 07 de julho, um recorte especial da programação da 19ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto. Ao todo são sete produções do cinema autoral no Brasil que tiveram importância expressiva, com diferentes estilos e objetivos, nas cores, nas narrativas e nos ritmos, às vezes com mais humor, às vezes com um tom melancólico. O acesso à programação é via o site www.itauculturalplay.com.br e dispositivos móveis Android e IOS.
Dedicada exclusivamente ao cinema e audiovisual produzidos no Brasil, a IC Play abre cada vez mais espaço à programação de eventos da área, se tornando um ponto de referência na disponibilização de conteúdos destes eventos, favorecendo o acesso a essas produções de qualquer região do país.
Os sete filmes da programação da 18ª CineOP que estão no IC Play, com suas afinidades temáticas e regionais, bem como seu desejo por busca do passado, procuram reimaginar e reinventar a memória de um país através de distintas experiências imagéticas, sonoras e visuais. Sem perder de vista o fato de estarem lidando, todos eles, com uma ideia de território.
Saiba quais são os filmes da 19ª CineOP no IC Play
Piconzé é um filme com 80 minutos desenhados à mão livre, por sete pessoas de sobrenome japonês. , quadro a quadro, pintados no negativo de 35mm, com 25 mil acetatos e 300 cenários, processo artesanal que impressiona pesquisadores. O animador japonês, nascido em 1926, na província de Oita, chegou ao Brasil em 1956, aos 30 anos, já com experiência de chargista e ilustrador. O filme exigiu sete anos de dedicação. Ganhou o prêmio Coruja de Ouro do Instituto Nacional de Cinema e teve boa repercussão na imprensa. A história é de bandido e mocinho, com rapto da namorada do mocinho. A música tema tem letra do poeta Décio Pignatari. Yppe Nakashima morreu dois anos depois do lançamento de seu longa.
Até que a Sbornia nos Separe é de 41 anos depois de Piconzé. Outras ambições e outra proposta estilística, mais duro, menos infantil, ambientado em uma ilha que vaga pelo oceano, Sbornia, ameaçada por um vulcão e com um muro a isolá-la. É o Rio Grande do Sul do Leste Europeu, segundo o diretor Otto Guerra. O filme é baseado no espetáculo teatral gaúcho de enorme longevidade, Tangos e Tragédias, de Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, voltando ao momento anterior do encenado. Ganhou prêmio de público no Festival de Gramado e na Mostra Internacional de São Paulo. Tem visual expressivo, de cores retiradas, cinzento, e é enfático em sua direção de arte, com ritmo acelerado e saídas inventivas. Seu maior interesse é descrever uma cultura e um povo com particularidades fortes.
O Menino e o Mundo é do mesmo ano de Até que a Sbórnia nos Separe. Tornou-se a animação brasileira de maior circulação internacional e mais premiada, colocando o cineasta Alê Abreu, homenageado na CineOP, entre os principais diretores do país. Sua sucessão de momentos semi-autônomos, com energia e atrações próprias, compõe uma fragmentada jornada de uma criança, enredada em uma sina social no interior de uma sociedade regida pela exploração do trabalho. A inventividade visual, sobretudo quando deixa de representar algo para se afirmar como forma e cor, é impressionante e cheia de experimentações. Em votação da Associação Brasileira de Críticos de Cinema, o filme ficou em primeiro lugar, tornando-se uma espécie de monumento da animação brasileira.
Dentro do recorte de curtas-metragens contemporâneos da 19ª CineOP para a programação do Itaú Cultural Play, a curadoria fez uma seleção de filmes que abarcam uma radicalidade maior de experimentação e elaboração estética, ao mesmo tempo em que lidam com questões pertinentes à elaboração da memória e à reflexão em torno de processos históricos do país.
Dirigido por Fábio Andrade, Veredas Tropicais (RJ) é um filme em que sua própria feitura coloca em evidência o constrangimento histórico da censura ao cinema brasileiro durante o período da ditadura militar. Ao considerar o que poderia ter sido o curta Vereda Tropical (1977), de Joaquim Pedro de Andrade, com a efetivação do parecer da censura mostrado em tela, o efeito é contundente.
O ficcional Habitar (SP), de Antônio Fargoni Jr., parte do cotidiano de um jovem em uma comunidade rural em Marília, interior de São Paulo, que descobre vestígios de um sítio arqueológico, vinculado à ancestralidade indígena da região. Com cenas filmadas na basílica de São Bento, na avenida das Esmeraldas e no Museu de Paleontologia, o curta desdobra reflexões sobre a descoberta de um passado que almeja ser preservado.
Outro trabalho que também visa repensar o passado brasileiro, de modo a trabalhar com imagens experimentais, é o curta experimental de Cristiana Miranda (RJ), Visões do Paraíso. A obra se utiliza de uma série de imagens canônicas sobre a ocupação da Mata Atlântica e das montanhas da cidade do Rio de Janeiro, a fim de articular denúncias acerca da tomada da região na época da colonização. Entre outros, o trabalho traz pinturas de artistas como Jean Baptiste Debret, Giulio Ferrara e Johann Hacob Steinamm a partir de interferências visuais e textos que irrompem na tela. Em sua forma estética, Visões do Paraíso trata tanto do ontem como do hoje, repensando a disputa territorial entre indígenas, europeus e quilombolas.
Por fim, Hélio Melo (AC/SP), de Leticia Rheingantza, fecha a seleção de curtas presentes no Itaú Cultural Play. Também com olhar alçado para questões territoriais brasileiras, o filme faz uma viagem pela Amazônia acreana, tratando sobretudo da luta dos seringueiros da região, a partir de textos originais compostos pelo artista Hélio Melo (1926-2001). O projeto capta a complexidade regional do espaço em disputa, ao mesmo tempo que imprime lirismo através da lenta narração que acompanha as imagens, interpretada por Chico Diíaz.
19ª CINEOP – MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO
O EVENTO DA PRESERVAÇÃO, HISTÓRIA E EDUCAÇÃO
Mostra audiovisual pioneira desde sua criação (2006) a enfocar o cinema como patrimônio em intercâmbio com o mundo e reafirma anualmente seu propósito de ser um empreendimento cultural de reflexão e luta pela salvaguarda do rico e vasto patrimônio audiovisual brasileiro. Estrutura sua programação em três temáticas: preservação, história e educação, presta homenagens, realiza exibição de filmes brasileiros e internacionais – longas, médias e curtas – oficinas, debates, seminário, mostrinha de cinema, sessões cine-escola, atrações artísticas e promove anualmente o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e o Encontro da Educação: Fórum Rede Kino.
SÍNTESE DA PROGRAMAÇÃO
Durante seis dias de evento, o público terá oportunidade de vivenciar um conteúdo inédito, descobrir novas tendências, assistir aos filmes, curtir atrações artísticas, trocar experiências com importantes nomes da cena cultural, do audiovisual, da preservação e da educação, participar do programa de formação e debates temáticos de forma gratuita.
- ABERTURA OFICIAL
- EXIBIÇÃO DE FILMES – LONGAS, MÉDIAS E CURTAS
- PRÉ-ESTREIAS E MOSTRAS TEMÁTICAS
- HOMENAGEM
- MOSTRINHA
- MOSTRA VALORES
- SESSÕES CINE-ESCOLA
- 19o ENCONTRO NACIONAL DE ARQUIVOS E ACERVOS AUDIOVISUAIS BRASILEIROS
- ENCONTRO DA EDUCAÇÃO: XVI FÓRUM DA REDE KINO
- DEBATES, DIÁLOGOS E RODAS DE CONVERSA
- OFICINAS
- MASTERCLASSES INTERNACIONAIS
- PERFORMANCE AUDIOVISUAL
- EXPOSIÇÃO
- LANÇAMENTO DE LIVROS
- CORTEJO DA ARTE
- SHOWS
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SERVIÇO
19ª CINEOP – MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO
19 a 24 de junho de 2024 | Presencial e Online
WWW.CINEOP.COM.BR
LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA
LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA
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Patrocínio: Itaú
Parceria Cultural: Universidade Federal de Ouro Preto, Prefeitura de Ouro Preto e Instituto Universo Cultural
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